Sexto dia

Após uma noite de repouso no simpático jardim daquela casa que nos ofereceu muito mais do que o pedaço de terra que pedimos, partimos na manhã do sexto dia com um novo plano. Instruídos e aconselhados pelo homem que nos acolhera, decidimos percorrer mais 57 km até a cidade de Lons-le-Saunier et pegar um trem em seguida. Dessa maneira evitaríamos o relevo mais duro de todo o percurso, o frio que seria mais intenso e chegaríamos enfim no aquecedor da rua Sous la Lampe; eu já sonhava com a rua da família Leiber... Revigorados e ansiosos, acordamos antes do sol e esperamos prontos, em pé, olhos fixos no céu, pelos primeiros sinais de luz. Cedinho ainda deixamos para trás aquele homem, desconhecido, que ignora o fato, mas marcou nossa vida. A despedida tinha ocorrido na noite anterior ainda.

De Orage

O dia estava ensolarado e ter um alvo mais próximo nos animou. Pedalamos com determinação e com o espírito leve. Grande satisfação a cada quilômetro vencido. Chocolate, fotos, entra numa cidade - sai da cidade, Sornay, Louhans, Courlans, Montmorot... Lons-le-Saunier! Chegamos antes do previsto, às 16 horas aproximadamente.

De Orage
De Orage
De Orage
De Orage

De Orage
Nesse fim de tarde nosso espírito aventureiro descansou e cedeu espaço a um grande desejo de conforto. Passagens de trem no bolso, "amanhã estaremos na Suíça"... E a barraca pareceu pequena demais, o tempo, frio demais, as pernas, pesadas ao extremo. Procuramos um albergue, mas o que achamos foi um hotel de médio porte e mais caro do que o que estaríamos dispostos a pagar ordinariamente. Mas estávamos vivendo dias nada ordinários essa semana. "Eu só não quero dormir na barraca hoje", eu pensava. EtapHotel: ducha quente, X-men na televisão, cama de casal, aquecedor, edredom. Eu estava radiante de felicidade, aproveitei cada grande invenção da humanidade com alegria e gratidão. A lâmpada, o chuveiro, a mesa, a cama, o copo, coisas pelas quais não sentimos necessidade de agradecer em geral.

De Orage
De Orage
De Orage
Passamos uma noite de rei. Dormimos profundamente. "Amanhã estaremos na Suíça..." Esse pensamento não me abandonava. "10, Rue Sous la Lampe... Só não podemos perder o trem... Vou fazer anjinho na neve... Temos que acordar na hora... Vamos comer fondue... Será que já tá na hora?..."

- Pedro!! O despertador não tocou! Corre!
- Hã?!

Comentários

Valéria disse…
Rsrsrs...que susto!
Valéria disse…
É sempre bom reler esta aventura!

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